"Para mim, a psicologia é a liberdade individual de cada um e a riqueza única que cada ser humano é e como vai trilhando esse caminho de tantas e bonitas formas, todas elas de uma beleza que quero, enquanto psicóloga devolver a cada um que pensa que está errado e é mau." - Ana Isabel Santana Pereira
Entre o Bem e o Mal
Ao pensar neste binómio, leva-nos à origem do julgamento moral, ferramenta adquirida para fazer face à socialização, assim como quem veste uma gola alta para fazer face ao Inverno ou leva um spray solar para uma tórrida tarde de sol.
Entre o Bem e o Mal, leva-nos aos bons costumes, ao que faz sentir o outro mais ou menos triste, mais ou menos desapontado perante as expectativas de que essa ferramenta já foi mais que apreendida lá atrás e não se espera outra coisa que não seja acertar, porque errar é mau.
À Luz da psicologia, errar não é mais que um termo a que o próprio que se permite pensar vislumbra, não como auto misericórdia, mas que em acompanhamento o transforma, e saliento, não o erro, mas o comportamento que se conseguiu ter na altura, para o compreender, parti-lo como pedra, juntar os pedacinhos e admirá-lo no fim, como um diamante.
Assim o julgamento moral, parecendo uma balança arcaica mediada pela estatueta inquisidora pode ser no presente, a palidez de quem não arrisca pensar-se ou lá atrás, servir para o recreio do jardim de infância vestirmo-nos de batas iguais e não invejarmos o doce do lado.
Para mim, a psicologia é a liberdade individual de cada um e a riqueza única que cada ser humano é e como vai trilhando esse caminho de tantas e bonitas formas, todas elas de uma beleza que quero, enquanto psicóloga devolver a cada um que pensa que está errado e é mau.
Na minha psicologia, não há bons nem maus, há viver e ser, viver e ser sereno neste corpo que se move com o outro, nesta dança atrapalhada ou não mas que no fundo nunca foge ao Amor, afinal é uma questão de calçarmos os sapatos que não apertem dedos singelos, os mesmos dedos que tocam e os que escrevem e os mesmos que procuram.
Errado deprime a esperança e molda-nos a um falso self, o certo pode iludir-nos e leva-nos ao conformismo, ambos facetas açucaradas da despersonalização e nestes dois extremos calçamos um sapato em cada pé e esquecemo-nos que a vida pode dançar, pode parar e pode até mesmo distrair-se porque no fundo o que interessa é olhar para dentro e sermos, arriscarmos a ser, se doer, expõe-se a ferida em carne viva em ambiente neutro e estéril, alguém irá saber ajudar a tratar sem a contaminar.
Este é o verdadeiro Bem, lidarmos com o que somos agora e arriscarmo-nos no outro.
Ana Isabel Santana Pereira
Psicóloga
Texto integrado no projecto: “A escrita como ferramenta de expressão, partilha e aprendizagem” – Dialógicos