A consulta de especialidade em Alcoologia e Comportamentos Aditivos pretende ser um espaço de ajuda e apoio psicológico a todos aqueles que vivem problemas associados ao consumo de álcool, drogas e/ou outras substâncias.
O seu objectivo não se restringe ao acompanhamento de pessoas dependentes de substâncias alteradoras de humor, como é por exemplo o caso do alcoolismo, das adições a heroína, cocaína, haxixe, benzodiazepinas (ansiolíticos), entre outras, mas pretende também dar resposta a pessoas que, não estando dependentes de substâncias alteradoras de humor, possuem comportamentos de risco que os podem colocar no caminho da dependência de substâncias psicoactivas.
Esta consulta pretende igualmente ajudar, esclarecer e orientar todos aqueles que não sofrendo directamente de dependência, sofrem com os seus efeitos, como é o caso da família que acompanha o desenrolar da dependência no seu familiar.
Este espaço pretende oferecer:
• Informação e esclarecimento sobre uso/abuso e dependência de álcool, drogas e/ou outras substâncias.
• Orientação para tratamento.
• Apoio pós-tratamento.
• Orientação para a prevenção da recaída.
• Acompanhamento e apoio psicológico individual.
• Acompanhamento e apoio psicológico à família.
Podem procurar ajuda:
• Pessoas que embora desejem parar os seus consumos de álcool, drogas e/ou outras substâncias, sentem uma necessidade física e psicológica (obsessão e compulsão) em relação à substância de consumo, que não lhes permite parar;
• Pessoas que não sabem como entrar em tratamento;
• Pessoas que já tendo passado por uma fase de tratamento, estando em abstinência de álcool, drogas e/ou outras substâncias, pretendem reforçar as suas potencialidades para se manterem em recuperação e prevenir a recaída.
• Pessoas que, estando em recuperação, atravessam no momento situações problemáticas que podem colocar em risco o seu bem-estar físico, psicológico, familiar e social.
• Pessoas que podendo não estar em situação de dependência, mantém consumos abusivos de álcool, drogas e/ou outras substâncias.
• Famílias que querem ajudar os seus familiares a cessar os consumos de álcool, drogas e/ou outras substâncias e não sabem como agir.
• Jovens que iniciaram e/ou mantêm consumos de álcool, drogas e/ou outras substâncias.
• Pais que não sabem como agir numa situação de consumo de álcool, drogas e/ou outras substâncias dos filhos.
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O alcoolismo e os Comportamentos Aditivos continuam a representar um grave problema de saúde publica em Portugal. Constituem doenças crónicas que afectam todas as valências da vida da pessoa – o corpo, a mente, a família, a área social, educacional, ocupacional, profissional e espiritual.
O consumo de substâncias com acção psicotrópica – álcool, haxixe, cocaína, heroina, benzodiazepinas (calmantes, ansiolíticos), entre outras – vai permitir actuar numa primeira fase, no funcionamento mental – quer pela procura de efeitos euforizantes, estimulantes, como anestesiantes, inebriantes e/ou desculpabilizantes – mas numa segunda fase, pode induzir tolerância e a dependência quer física como psicológica, envolvendo danos bio-psico-sociais imediatos.
O uso abusivo de álcool tem alcançado proporções massivas, quer em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, estando associado a uma serie de consequências adversas, das quais o alcoolismo é apenas uma parte.
A expressão “problemas ligados ao álcool” compreende uma realidade muitíssimo alargada, que compreende a relação perigosa que existe entre esta substancia psicotrópica com a condução rodoviária, com os problemas laborais, com o desemprego, a criminalidade, as perturbações familiares e os efeitos que pode ter sobre a criança (concepção, gestação, aleitamento, desenvolvimento, rendimento escolar, etc.).
O álcool representa um factor de risco à saúde infantil, juvenil e do adulto.
Em Portugal tem-se assistido ao aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre a população jovem. Se antes a preocupação de pais, educadores e técnicos de saúde e prendia essencialmente ao risco de consumo das chamadas drogas “duras” nesta população, agora acresce também o consumo/abuso de álcool entre os nossos jovens.
Actualmente os jovens passam por uma excessiva ingestão de bebidas alcoólicas com tendência para o consumo de cerveja e bebidas destiladas. Estas são fortemente publicitadas, sendo vendidas em discotecas, bares ou pubs, representando um estimulo, um convite, ao qual é muitas vezes difícil de resistir...
Estes, que se encontram em fase de maturação biológica, psicológica, afectiva, cognitiva e social, com reduzida capacidade para compensar os efeitos tóxicos do álcool, correm o risco de sofrerem sérios comprometimentos ao nível do seu desenvolvimento bio-psico-social.
A Sociedade Americana de Medicina da Adicção e a Comissão Nacional Americana do Alcoolismo e Dependência de Drogas define o alcoolismo como “Uma doença primária e crónica, influenciada no seu desenvolvimento por factores genéticos, psicossociais e ambientais. A doença é muitas vezes progressiva e fatal. É caracterizada por uma diminuição do controlo sobre a bebida, preocupação com a droga álcool, uso do álcool apesar das consequências adversas e distorções na maneira de pensar, nomeadamente a negação.”1
1Excerto do folheto “The Illness Called Alcoholism”, publicado pela Associação Médica Americana.
alcoolismo é uma doença complexa que
É sabido que em quase todos os países do mundo o álcool provoca mais danos à sociedade e às famílias que a heroína. Em Portugal há cerca de um milhão de “alcoólicos” crónicos. Para estes o Estado investe menos que um milhão de contos enquanto que para cerca de 90’000 (?) toxicodependentes o mesmo Estado investe mais de 20 milhões (30 milhões para 2004).
Nos tempos actuais aceita-se como verdadeiro o facto de existirem variáveis de natureza psicológica, social e biológica que interagem no desenvolvimento da dependência do álcool e outras drogas alteradoras do estado de humor. As diferentes dimensões dizem respeito a perturbações da personalidade, eventuais características psiquiátricas próprias, síndromes de abstinência, que se revelam tanto a nível psíquico como somático, incapacidades tanto somáticas como psíquicas causadas directamente pelos produtos consumidos e distúrbios de natureza social e em especial familiar.